O que não esperar, e o que esperar da COP30

A COP30 será uma oportunidade histórica para o Brasil liderar o debate global sobre o clima, mas é fundamental entender o que pode – e o que não pode – ser esperado do evento sediado em Belém, em novembro de 2025. A cúpula tem o potencial de soluções reais, catalisar investimentos e ampliar o protagonismo brasileiro em temas como florestas e agricultura sustentável, apesar dos limites práticos e dos desafios políticos no cenário internacional. O país assume protagonismo ao mobilizar atores públicos, privados e comunitários na busca de soluções coletivas e inovadoras para conter a crise climática, priorizando governança inclusiva e prestação de contas. Com atenção especial será dada à Amazônia, reconhecida como ativo climático e econômico fundamental, base para modelos sustentáveis e políticas de inclusão social.

O que esperar da COP30

  • O Brasil buscará usar sua posição de ambição para convencer de 100 a 120 países a apresentar metas de descarbonização até 2035, cobrindo até 80% das emissões globais, mesmo com a ausência dos EUA nas negociações até o momento.
  • Florestas tropicais e financiamento climático permanecerão no centro das atenções, com o fortalecimento do Fundo de Florestas Tropicais e modelos inovadores para conectar o desenvolvimento sustentável à preservação ambiental. Exemplos reais incluem o compromisso de US$ 1 bilhão do Brasil para apoiar iniciativas de conservação, além da valorização do papel da agroecologia e da agricultura familiar, que já se estrutura para fornecer alimentos à conferência, beneficiando cerca de 8 mil famílias amazônicas.
  • O setor privado nacional está mobilizado, como visto no projeto CASE, liderado por Bradesco, Itaú, Natura, Nestlé e Vale, que amplia o investimento em soluções ambientais e visa apresentar cases reais na COP30, especialmente em energias renováveis, biocombustíveis e agricultura regenerativa.

Apesar das metas ambiciosas, as expectativas devem ser realistas: nem todos os países apresentam planos robustos e há desafios logísticos, geopolíticos e econômicos, é claro. Muitos processos são processos de prazo médio e compromissos dependentes de colaboração global, inovação tecnológica e políticas de apoio à transição justa, especialmente para populações vulneráveis.

O que não esperar da COP30

  • Não há garantia de acordos globais robustos, pois muitos países emissores ainda não protocolaram suas metas e há uma expectativa de baixa participação dos Estados Unidos – que já sinalizaram possíveis retrocessos regulatórios.
  • Esperar que soluções para temas complexos, como desmatamento zero e rastreabilidade total da produção agropecuária brasileira, sejam inovadoras ou de forma consensual. O desafio de obter avanços sólidos no combate ao desmatamento ilegal permanece, dado o contexto socioeconômico da Amazônia e as divergências internas sobre seu uso e preservação.
  • Que a COP30 resolva, por si só, todos os desafios estruturais do Brasil em adaptação climática, infraestrutura, combate a eventos extremos ou transição energética. O evento pode acelerar os debates, mas a execução dependerá de decisões e políticas de longo prazo.

A COP30 certamente será um marco, mas não há espaço para soluções milagrosas ou expectativas ingênuas em relação ao escopo da conferência. É para ser encarada como práticas de debates e ações, fortalecendo mecanismos financeiros e políticos para uma transição climática mais justa no Brasil e no mundo, sem perder de vista os limites pelo contexto político e econômico. É um ponto de inflexão, mas exige que os compromissos globais sejam transformados em ações concretas no curto prazo, com monitoramento específico e financiamento adequado, reunindo esforços para garantir um futuro resiliente e inclusivo para todos.

Fontes: Gov.br; WRI; IREE; COP30; Fundação FHC; USP; Cultura

Compartilhe:

Comments are closed.