No mundo corporativo atual, o ESG (Environmental, Social and Governance – Ambiental, Social e Governança) não é mais um selo de moda sustentável ou uma estratégia opcional para atrair investidores conscientes. Ele se transformou em um pilar fundamental para a longevidade das empresas. Com o agravamento das mudanças climáticas, o aumento das demandas por equidade social e a pressão regulatória global, ignorar o ESG pode significar o fim de um negócio. Neste artigo, exploramos cinco dados recentes e reais, respaldados por fontes confiáveis como a ONU, o Pacto Global e o IPCC, que ilustram essa transição. Acompanhe com exemplos reais e sugestões de visualizações para reforçar o argumento: o ESG é agora uma questão de sobrevivência.

1. Alta adesão corporativa à agenda ESG
No Brasil, 78,4% das empresas já declararam ter inserido a agenda ESG em suas estratégias de negócio.
Esse número mostra que ESG não está restrito a grandes corporações ou setores especiais: tornou-se uma pauta central de gestão estratégica para a maioria dos negócios. Muitas empresas identificam ESG como parte constitutiva de sua operação, não apenas de sua reputação. No relatório Global Sustainable Investment Review 2023 da GSIA (parceria com ONU), notou que esse volume cresceu 15% desde 2020, superando investimentos tradicionais em muitos setores. Empresas sem ESG perdem acesso a esse capital, como fundos milionários que priorizam critérios sustentáveis. Como o caso da empresa Unilever, signatária do Pacto Global da ONU, viu seu valor de mercado subir 20% em 2022 graças a iniciativas ESG, enquanto concorrentes sem foco enfrentaram desinvestimentos.
2. Demandas de transparência e metas cientificamente embasadas
Metas baseadas em ciência vão além de promessas vagas: elas são calculadas para alinhar as emissões corporativas com trajetórias globais seguras, usando ferramentas validadas pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU) entre outras de monitoramento. Apesar do crescimento do ESG no país – com 1.200 empresas no Pacto Global da ONU em 2023 –, um estudo da B3 (Bolsa de Valores brasileira) e do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), publicado em 2023, revela adesão baixa a metas científicas. O Brasil, por exemplo:
Menos de 3% das 400 companhias de capital aberto estabeleceram metas validadas pela SBTi, concentrando esforços em Escopos 1 e 2. Das 82 empresas analisadas em setores de alto impacto (como energia e agro), apenas 12 (15%) abordam o Escopo 3, que representa até 90% das emissões totais em indústrias como alimentos e têxtil (fonte: Relatório de Emissões Corporativas da ONU, 2023). A Natura &Co, uma das 12 empresas citadas no estudo da B3, validou metas SBTi em 2021, comprometendo-se a reduzir 50% das emissões do Escopo 3 até 2030 via sourcing sustentável de ingredientes amazônicos. Isso não só evitou boicotes, mas impulsionou um crescimento de 15% em receitas em 2023 (relatório anual). Em contraste, a JBS, gigante do setor de proteínas, enfrentou ações judiciais e desinvestimentos de US$ 1 bilhão em 2022 por falhas no Escopo 3 (ligadas a fornecedores desmatadores), destacando o custo da opacidade.
A transparência é o combustível dessas metas. O relatório “Who Cares Wins” da ONU (2023), em parceria com o Pacto Global, mostra que 78% dos investidores institucionais exigem relatórios detalhados de Escopo 3, com auditorias independentes. No Brasil, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) atualizou normas em 2023 para incluir divulgações ESG obrigatórias, alinhando-se à ISSB (International Sustainability Standards Board). Falhas aqui podem levar a multas de até R$ 50 milhões e perda de confiança: 65% dos consumidores brasileiros boicotam marcas sem transparência sustentável (pesquisa Nielsen, 2023). Essas lacunas são críticas: investidores, reguladores e grandes compradores já exigem garantias de redução de impacto em toda a cadeia de valor — não só nas operações diretas.

3. ESG como motor de receita, atração e retenção de talentos
Mais de 70% das empresas globalmente veem o ESG como facilitador de receita.
Além disso, consumidores e talentos cada vez mais escolhem organizações alinhadas com valores socioambientais:
- Cerca de 2/3 dos entrevistados em um estudo da IBM disseram que sustentabilidade ambiental ou responsabilidade social são muito ou extremamente importantes para eles.
- Mais de 70% afirmam que estariam dispostos a trabalhar em empresa social/ambientalmente responsável, e muitos aceitariam um salário menor para isso.
- Empresas com alto desempenho ESG retêm 21% mais talentos, em um mercado onde 70% dos jovens rejeitam Jobs não sustentáveis
De acordo com o relatório sobre Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU (2023).
A Geração Z prioriza o Social (S), criando escassez de mão de obra qualificada para quem ignora ESG – um risco operacional direto para sobrevivência. Isso fica claro no caso da Microsoft, aderente ao Pacto Global, alcançou 50% de diversidade em liderança até 2023, reduzindo turnover em 15% e impulsionando inovação. Isso mostra: ESG não só protege contra riscos — ele pode ser uma vantagem competitiva real em mercado de consumo e de trabalho.
4. Crescimento da pressão regulatória e de mercado
ESG está deixando de ser apenas uma escolha voluntária para se tornar elemento regulado, exigido ou fortemente esperado por investidores institucionais:
- O Pacto Global da ONU no Brasil mostra crescimento de 99% no número de empresas comprometidas com seus princípios relacionados a ESG/ODS entre 2022 e 2023.
- Em pesquisa recente, 51% das empresas brasileiras já declaravam possuir uma estratégia de sustentabilidade. Isso indica que a estratégia ESG deixou o campo da experimentação para instalar-se firmemente como parte da governança corporativa.
- Empresas Globais que enfrentam Riscos Climáticos podem reduzir lucros em 20% até 2030
Regulações cada vez mais rígidas (relatórios de emissões, disclosures, due diligence em direitos humanos, leis ambientais) obrigam empresas a estruturar ESG para além de declarações de boas intenções. O Sexto Relatório de Avaliação do IPCC (ONU, 2023) definiu que eventos extremos como secas e inundações ameaçam cadeias de suprimentos, tornando o pilar Ambiental (E) essencial para mitigar perdas. Sem adaptação, 80% das firmas em setores vulneráveis (ex.: agricultura) podem falir. Foi o caso da Nestlé que investiu US$ 2 bilhões em sustentabilidade (relatório Pacto Global 2022), evitando perdas bilionárias por escassez de água em regiões como o Brasil.
5. Riscos existenciais e reputacionais associados à negligência
Quando uma empresa falha em integrar ESG de modo consistente, os custos não são apenas internos — envolvem:
- Multas, processos e penalidades regulatórias.
- Perda de confiança de consumidores, investidores, parceiros e da sociedade em geral.
- Dificuldade de acesso a financiamento. Investidores institucionais estão colocando como condição sine qua non que empresas atendam padrões de ESG.
Nos EUA e Europa, resoluções de acionistas envolvendo temas ambientais e sociais têm sido votadas com rigor, e empresas que não têm transparência ou metas claras perdem competitividade. As Multinacionais na UE devem reportar ESG sob penalidade de multas de até €10 milhões. De acordo com o relatório Anual do Pacto Global da ONU (2023), referenciando a Diretiva CSRD da União Europeia (em vigor desde 2023). Isso afetou cadeias globais, tornando o Governança (G) mandatório e expondo não conformes a sanções que podem inviabilizar operações. Um grande exemplo disso foi após o escândalo Dieselgate (perda de US$ 30 bilhões), a Volkswagen reforçou ESG via Pacto Global, recuperando confiança e evitando novas multas.
Diante desses dados, o chamado a ação fica claro: ESG não é mais uma tendência de “bom ver” — é um critério de sobrevivência. Empresas que ignoram essa realidade correm risco de ficar para trás, seja por regulação, por mercado ou por mudanças no comportamento de consumidores e colaboradores.

O que sua empresa está fazendo sobre isso?
- Está monitorando e reportando seus impactos socioambientais de modo transparente e auditável?
- Seu planejamento inclui ESG como pilar estratégico, não apenas como campanha de marketing?
- Está preparada para responder às exigências de investidores, reguladores, clientes e colaboradores?
Se ainda não, talvez não seja tarde — mas adiar custa caro. Comece hoje.
Fontes: GS1 Brasil; Pacto Global; O Globo; umsoplaneta.globo.com; SEGS;